quinta-feira, 10 de novembro de 2011

POESIA - ARTHUR RIMBAUD

O poeta francês Jean-Nicolas Arthur Rimbaud, nasceu em Charleville a 20 de Outubro de 1854. Considerado um pós-romântico e percursor do surrealismo, de grande influência na poesia moderna, Arthur Rimbaud começou a escrever poesia ainda muito jovem. A sua obra literária pode ser lida a partir do seu historial como ponto de partida para a leitura, o que de certa forma torna quase impossível olhar a obra de Rimbaud com olhos livres. Arthur Rimbaud faleceu em Marselha a 10 de Novembro de 1891, contava apenas 37 de anos.
Poet'anarquista
Arthur Rimbaud
 Poeta Francês
BREVE BIOGRAFIA

Poeta francês (20/10/1854-10/11/1891). Considerado pós-romântico e precursor do surrealismo, é uma das maiores influências da poesia moderna. Jean-Nicolas Arthur Rimbaud nasce em Charleville e revela vocação para os versos ainda no colégio. Foge de casa diversas vezes durante a adolescência.

Muda-se para Paris aos 17 anos, financiado pelo poeta Paul Verlaine, a quem enviara o seu Soneto das Vogais (1871). Um ano depois Verlaine deixa a família para viver com Rimbaud em Londres. A tempestuosa relação amorosa entre os dois termina quando Rimbaud é ferido por Verlaine com um tiro no pulso.

Uma Estação no Inferno (1873) e Iluminações (1886) revelam uma consciência estética nova, uma linguagem libertária, a idéia de que a poesia nasce de uma alquimia do verbo e dos sentidos. Quando termina Iluminações, aos 20 anos, desiste da literatura e retoma a vida errante que o caracterizara na adolescência.

Comercializa peles e café na Etiópia, alista-se no Exército colonial holandês, para desertar logo depois, trafica armas em Ogaden, vai para o Chipre e para Alexandria. Em 1891 tem a perna amputada, em decorrência de um câncer no joelho. Morre em Marselha, depois de demorada agonia.
Fonte: algosobre.biografias

ADORMECIDO NO VALE

É um vão de verdura onde um riacho canta
A espalhar pelas ervas farrapos de prata
Como se delirasse, e o sol da montanha
Num espumar de raios seu clarão desata.

Jovem soldado, boca aberta, a testa nua,
Banhando a nuca em frescas águas azuis,
Dorme estendido e ali sobre a relva flutua,
Frágil, no leito verde onde chove luz.

Com os pés entre os lírios, sorri mansamente
Como sorri no sono um menino doente.
Embala-o, natureza, aquece-o, ele tem frio.

E já não sente o odor das flores, o macio
Da relva. Adormecido, a mão sobre o peito,
Tem dois furos vermelhos do lado direito. 

Arthur Rimbaud

SENSAÇÃO

Nas belas tardes de verão, pelas estradas irei,
Roçando os trigais, pisando a relva miúda:
Sonhador, a meus pés seu frescor sentirei:
E o vento banhando-me a cabeça desnuda.

Nada falarei, não pensarei em nada:
Mas um amor imenso me irá envolver,
E irei longe, bem longe, a alma despreocupada,
Pela Natureza — feliz como com uma mulher.

Arthur Rimbaud

O BARCO ÉBRIO

E desde então no Poema do Mar mergulhei,
Cheio de astros, latescentes, devorando
Os verdes céus, onde às vezes se vê,
Lívido e feliz, um sonhador boiando.

Onde tingindo de repente o infinito, delírios
E ritmos lentos sob o dia em esplendor
Mais fortes que o álcool, mais vastos que nossas liras,
Fermentam as sardas amargas do amor!

Sei dos céus rasgando-se em raios, e das trombas,
Das ressacas e da noite e das correntes,
Da Alba exaltada igual a um bando de pombas,
E o que o homem acreditou ver viram meus olhos videntes!

Oh, que minha quilha estoure! Que eu ganhe o mar!

E se anseio mares de Europa, é a poça
Escura e fria onde ao crepúsculo perfumado
Uma criança se abaixa triste e solta
Qual borboleta de maio um barco delicado.

Arthur Rimbaud

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