sexta-feira, 29 de junho de 2012

POETAS DO CONCELHO D' ALANDROAL

XXXII DÉCIMAS

Décimas populares pela mão do poeta António João Ramalho Padilha, nascido a 29 de Junho de 1936. Natural de Cabeça de Carneiro, freguesia de Santiago Maior do concelho de Alandroal, foi de profissão agricultor e começou a fazer poesia quando tinha 20 anos. A rubrica «Poetas do Concelho d' Alandroal» coincide com a data de nascimento do poeta António Padilha, a quem prestamos homenagem através das «XXXII DÉCIMAS» que esta semana se publicam no espaço «Amigos d'Arte». Boas leituras!
Poet'anarquista
António João Ramalho Padilha
Poeta Popular

MOTE

O fiado dá-me pena
A pena me dá cuidado
A casa é pobre e pequena
Nunca me peçam fiado.

Glosas

Pedir fiado dá tristeza
Sabe Deus o que nos custa
Viver uma vida à justa
Sem conhecer a riqueza.
Nunca se tem a certeza
Ao praticar essa cena
O que é que a pessoa ordena
A quem fiado se está pedindo,
Por isso muito estou sentindo
O fiado dá-me pena.

Gosto de remediar
Os fregueses em geral
Mas desde que fiado me abale
Fico neles a pensar.
Se já não tornam a voltar
Sou eu o prejudicado
Várias vezes tem calhado
E mais os não volto a ver,
Por isso tenho a dizer
A pena me dá cuidado.

Quem entrar aqui por bem
Que não venha de mau humor
Recebo seja quem for
Sem excepções para ninguém.
Mas os que dívidas têm
Que as paguem em altura plena
Que assim ninguém os condena
Nem lhes chama caloteiros,
E para perder esses dinheiros
A casa é pobre e pequena.

Este aviso é do Arlindo
Para todos os fregueses
Que apareçam muitas vezes
Mais uma vez lhes estou pedindo.
Por favor que venham vindo
Preciso ser ajudado
Fico-lhe muito obrigado
E desejo-lhe muita saúde,
Mas evitem essa atitude
Nunca me peçam fiado.

REMATE

Tirai nota sociedade
Isto é falar francamente
Eu recebo toda a gente
De muito boa vontade.
Dou-lhes toda a liberdade
Sou para todos igual
Desde que se não portem mal
São sempre bem recebidos,
E sem distinção atendidos
Aqui no Café Central.

António Padilha

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