segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

OUTROS CONTOS

«A Portugal», conto poético por Tomás Ribeiro.

«A Portugal»
Poema de Tomás Ribeiro

965- «A PORTUGAL»

Meu Portugal, meu berço de inocente,
lisa estrada que andei débil infante,
variado jardim do adolescente,
meu laranjal em flor sempre odorante,
minha tarde de amor, meu dia ardente,
minha noite de estrelas rutilante,
meu vergado pomar d’um rico outono,
sê meu berço final no último sono!

de loiros e de acácias olorosas;
de fontes e de arroios serpeado,
rasgado por torrentes alterosas,
onde num cerro erguido e requeimado
se casam em festões jasmins e rosas;
balsa virente de eternal magia
onde as aves gorjeiam noite e dia.

Jardim da Europa à beira-mar plantado 
de loiros e de acácias olorosas;
de fontes e de arroios serpeado,
rasgado por torrentes alterosas,
onde num cerro erguido e requeimado
se casam em festões jasmins e rosas;
balsa virente de eternal magia
onde as aves gorjeiam noite e dia.

(…)

Costumei-me a saber os teus segredos
desde que soube amar; e amei-os tanto!...
Sonhava as noites de teus dias ledos
afogado de enlevo, em riso e em pranto.
Quis dar-te hinos d’amor, débeis os dedos
não sabiam soltar da lira o canto,
mas amar-te o esplendor de imenso brilho…
eu tinha um coração, e era teu filho!

Por ti canto, meu berço de inocente,
lisa estrada que andei débil infante;
meu viçoso jardim de adolescente,
meu laranjal em flor sempre odorante,
minha tarde de amor, meu dia ardente,
minha noite de estrelas rutilante.
Tu… dá-me ao cerrar noite o meu inverno,
um leito funeral ao sono eterno.

Tomás Ribeiro

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